quarta-feira, 6 de junho de 2012

MPB - Música Popular Brasileira

Música popular brasileira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

MPB
Informações gerais
Origens estilísticas Bossa nova
Contexto cultural Desde 1966, Brasil
Instrumentos típicos violão, atabaque, pandeiro, guitarra
Outros tópicos
Música do Brasil - Iê-Iê-Iê, Tropicália
A Música Popular Brasileira (mais conhecida como MPB) é um gênero musical brasileiro. A MPB surgiu a partir de 1966, com a segunda geração da Bossa Nova. Na prática, a sigla MPB anunciou uma fusão de dois movimentos musicais até então divergentes, a Bossa Nova e o engajamento folclórico dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, os primeiros defendendo a sofisticação musical e os segundos, a fidelidade à música de raiz brasileira. Seus propósitos se misturaram e, com o golpe de 1964, os dois movimentos se tornaram uma frente ampla cultural contra o regime militar, adotando a sigla MPB na sua bandeira de luta.
Depois, a MPB passou abranger outras misturas de ritmos como a do rock, soul e o samba, dando origem a um estilo conhecido como samba-rock, a do música pop e do Samba, tendo como artistas famosos Gilberto Gil, Chico Buarque e outros e no fim da década de 1990 a mistura da música latina influenciada pelo reggae e o samba, dando origem a um gênero conhecido como Samba reggae.
Apesar de abrangente, a MPB não deve ser confundida com Música do Brasil, em que esta abarca diversos gêneros da música nacional, entre os quais o baião, a bossa nova, o choro, o frevo, o samba-rock, o forró, o Swingue e a própria MPB.

História

A MPB surgiu exatamente em um momento de declínio da Bossa Nova, gênero renovador na música brasileira surgido na segunda metade da década de 1950. Influenciado pelo jazz norte-americano, a Bossa Nova deu novas marcas ao samba tradicional.
Mas já na primeira metade da década de 1960, a bossa nova passaria por transformações e, a partir de uma nova geração de compositores, o movimento chegaria ao fim já na segunda metade daquela década. Uma canção que marca o fim da bossa nova e o início daquilo que se passaria a chamar de MPB é Arrastão, de Vinícius de Moraes (um dos precursores da Bossa) e Edu Lobo (músico novato que fazia parte de uma onda de renovação do movimento, marcada notadamente por um nacionalismo e uma reaproximação com o samba tradicional, como de Cartola).
Arrastão foi defendida, em 1965, por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (TV Excelsior, Guarujá-SP). A partir dali, difundiriam-se artistas novatos, filhos da Bossa Nova, como Geraldo Vandré, Taiguara, Edu Lobo e Chico Buarque de Hollanda, que apareciam com frequência em festivais de música popular. Bem-sucedidos como artistas, eles tinham pouco ou quase nada de bossa nova. Vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira, (São Paulo em 1966), Disparada, de Geraldo, e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos desta ruptura e mutação da Bossa para MPB.
Era o início do que se rotularia como MPB, um gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira durante as décadas seguintes. A MPB começou com um perfil marcadamente nacionalista, mas foi mudando e incorporando elementos de procedências várias, até pela pouca resistência, por parte dos músicos, em misturar gêneros musicais. Esta diversidade é até saudada e uma das marcas deste gênero musical. Pela própria hibridez é difícil defini-la.

Referências

Bibliografia
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Iê,Iê,Iê

Iê-iê-iê

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Iê-Iê-Iê foi usado como denominação do rock'n'roll brasileiro da década de 1960. O termo surgiu a partir da expressão yeah, yeah, yeah, presente em algumas canções dos Beatles, como She Loves You, por exemplo,[1] o mesmo aconteceu na Fraa onde o pop rock local sugido em meados dos anos 50 recebeu o nome de Yé-yé.[2]
O diferencial do iê-iê-ê para a MPB tradicional era que nos acompanhamentos das canções havia sempre as guitarras elétricas substituindo o violão. Depois seria introduzido o órgão eletrônico, no lugar do piano.[3] O rock começou a dominar o iê-iê-iê a partir dos grupos que se apresentavam no programa Jovem Guarda.

Anos 60, a Jovem Guarda

O programa Jovem Guarda se tornou muito popular, exibido na TV Record, nos anos de 1965 a 1968. Os apresentadores eram o então principiante, mas já famoso Roberto Carlos, o "Brasa" e depois "Rei da Jovem Guarda", Erasmo Carlos, o "Tremendão", e Wanderléa, a "Ternurinha". O elenco do programa era composto pelas bandas de rock brasileiras, como Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Os Vips, Trio Esperaa, Pholias, The Fevers, The Jordans, Os Incríveis, The Jet Blacks, The Brazilian Bitles, e cantores como Martinha, Jerry Adriani, Leno e Lílian, Vanusa, Kátia Cilene, Waldirene, Enza Flori, Wanderley Cardoso, Demétrius, Ronnie Von, Deny e Dino, entre muitos outros.
Durante muito tempo, o programa foi o líder de audiência das "jovens tardes de domingo", como diz a letra da canção Jovens Tardes de Domingo, de Roberto Carlos. Mas, a partir do fim de 1967, a audiência começou a cair, provavelmente por superexposição dos artistas, que compareciam a todos os programas para ganhar um salário maior. A disseminação do rock levou a que os artistas que se apresentavam no programa fossem depreciados, acusados de alienados e americanizados, por uma parte do público que preferia as canções dos festivais e depois a Tropicália. Entre os artistas não havia problemas, Roberto Carlos e Caetano Veloso cantavam as músicas um dos outro e Elis Regina gravou Erasmo Carlos. Mas isso não foi suficiente para evitar o fim do programa.
No dia 17 de janeiro de 1968, Roberto Carlos abandonou o comando do programa, deixando a apresentação para Erasmo Carlos e Wanderléa. O cantor, além de ter percebido que o fim estava próximo, estava numa transição, saindo do rock para a black music (soul/funk). Algumas semanas depois, o programa Jovem Guarda foi exibido pela última vez.

Referências

  1. Arthur Dapieve. Brock: o rock brasileiro dos anos. [S.l.]: Editora 34, 1996. 14 p. 9788573260083
  2. (2003) "Rumba on the River: A History of the Popular Music of the Two Congos", ISBN 1859843689, 9781859843680, p.154: "Ye-ye - French for pop musician, a term inspired by the 'yeah! yeah!' exclamations of rock and roll…"
  3. Pedro Alexandre Sanches. Como dois e dois são cinco: Roberto Carlos (& Erasmo & Wanderléa). [S.l.]: Boitempo Editorial, 2004. 49 p. 9788575590584

Jovem Guarda

Jovem Guarda

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A Jovem Guarda foi um movimento cultural brasileiro, surgido em meados da década de 1960, que mesclava música, comportamento e moda.
Surgida em agosto de 1965, a partir de um programa televisivo exibido pela TV Record, em São Paulo, apresentado pelo cantor e compositor Roberto Carlos, conjuntamente com o também cantor e compositor Erasmo Carlos e da cantora Wanderléa, a Jovem Guarda deu origem a toda uma nova linguagem musical e comportamental no Brasil. Sua alegria e descontração transformaram-na em um dos maiores fenômenos nacionais do século XX.[1]
Sua principal influência era o rock and roll do final da década de 1950 e início dos 1960,[2] Grande parte de suas letras tinham temáticas amorosas, adolescentes e açucaradas - algumas das quais, versões de hits do rock britânico e norte-americanos da época.
Por essa inspiração, a Jovem Guarda tornou-se o primeiro movimento musical no país que pôs a música brasileira em sintonia com o fenômeno internacional do rock da época, catalisado especialmente pelos Beatles.[3][4]
Além de Roberto, Erasmo e Wanderléa, destacaram-se no movimento artistas como Ronnie Von, Eduardo Araújo, Wanderley Cardoso, Sérgio Reis, Sérgio Murilo, Jerry Adriani, Evinha, Martinha, Lafayette, Vanusa, além de bandas como Golden Boys, Renato e Seus Blue Caps, Lafayette e seu conjunto, Deny e Dino, Trio Esperaa, Os Incríveis, Os Vips e The Fevers.[1][3]
Fenômeno midiático que arrastou multidões, também designado como iê-iê-iê, em alusão direta à musica dos Beatles, a Jovem Guarda era vista com restrições por setores da crítica, uma vez que sua música era considerada alienada pelo público engajado, mais afeito, primeiro à bossa nova e, depois, às canções de protesto dos festivais.


Origens

O programa "Jovem Guarda" foi uma criação da agência de propaganda Magaldi, Maia e Prosperi para a grade de programação da TV Record. A demanda veio com a proibição das transmissões ao vivo das partidas de futebol aos domingos.[1]
Os idealizadores do programa inspiraram-se em uma frase do revolucionário russo Vladimir Lenin, onde dizia "O futuro pertence à jovem guarda porque a velha está ultrapassada".[5] Eles vincularam a expressão com a imagem dos então emergentes cantores Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa.[1][3]

Auge e fim

Roberto Carlos, principal ídolo da Jovem Guarda.
Amparado por gravadoras e campanhas publicitárias, rapidamente o movimento repercutiu em termos de vendagens e de popularização dos seus ídolos. Fenômeno de audiência, o programa de auditório levava ao Teatro Record centenas de jovens, atraídos pelos trio Roberto-Erasmo-Wanderléa, além de artistas convidados.[1] No ápice da sua popularidade, chegou a atingir 3 milhões de espectadores só em São Paulo - fora as cidades para onde chegava em videotape, como as capitais Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife.[3]
Mais do que um fenômeno televisivo, a Jovem Guarda impulsionou o laamento de discos, roupas e diversos acessórios.[3] Todo um comportamento jovem daquele período foi formatado a partir do programa e seus apresentadores.[1] O modo de se vestir (caas colantes de duas cores em formato boca-de-sino, cintos e botinhas coloridas, minissaia com botas de cano alto) bem como as gírias e expressões ("broto", "carango", "legal", "coroa", "barra limpa", "lelé da cuca", "mancada", "pão", "papo firme", "maninha", "pinta", "pra frente", e a clássica "é uma brasa, mora?") viraram referência para muitos adolescentes do período.[1][3][6]
No final de 1968, Roberto Carlos deixou o programa de auditório. Sem seu principal ídolo, a TV Record retirou o programa do ar. Desta maneira, o movimento como um todo perdeu força, até que desaparecer no final da década de 1960.

Legado

Artistas da Jovem Guarda em show na década de 2000.
Com o fim do movimento, os artistas da Jovem Guarda tomaram três caminhos distintos a partir da década de 1970. Enquanto alguns de seus artistas mantiveram-se identificados com o rock (Os Incríveis, Eduardo Araujo, Erasmo Carlos) e outros se mudaram para a música sertaneja (como Sérgio Reis), a grande maioria deles enveredou-se para a música romântica, de forte apelo popular. Foram os casos de Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Ronnie Von e Reginaldo Rossi (líder, durante a Jovem Guarda, da banda The Silver Jets). [3]
As estética Jovem Guarda, especialmente suas baladas, tiveram grande influência sobre uma nova geração de artistas da música popular brasileira a partir da década de 1970, como Odair José, Diana, em uma vertente que acabou sendo taxada por críticos de "música cafona".[3]
Antes disso, a Jovem Guarda foi a principal responsável pela introdução da guitarra elétrica e do orgão eletrônico por Lafayette, na música do Brasil, que acabou incorporada definitivamente com a Tropicália.[3]

Críticas

A Jovem Guarda foi diversas vezes acusada de se manter afastada das discussões políticas que sacudiam o Brasil durante os primeiros anos da ditadura militar no país. Era considerada música alienada pelo público engajado e setores da crítica mais afeitos a, primeiramente, à bossa nova e, depois, às canções de protesto dos festivais da emergente MPB.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h Jovem Guarda - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
  2. . [S.l.: s.n.]. 13 e 14 p.
  3. a b c d e f g h i Jovem Guarda - Cliquemusic
  4. Júlio Medaglia. MUSICA, MAESTRO!: DO CANTO GREGORIANO AO SINTETIZADOR. [S.l.]: Editora Globo, 2008. 248 p. 8525031437, 9788525031433
  5. Paulo Sérgio do Carmo. Culturas da rebeldia: a juventude em questão. [S.l.]: Editora Senac, 2000. 43 p. 857359151X, 9788573591514
  6. Era uma brasa, mora? - Almanaque Brasil